Capítulo 2 - A Missão
- Isso tudo foi uma tremenda perda de tempo! – Ian esbravejou. – Como se não bastasse não acharmos o besouro-ladrão dourado aquela assassina ainda o roubou de nós! – olhou para o irmão. – Isso tudo é sua culpa Erik, se você tivesse matado ela nós teríamos a carta do besouro-ladrão dourado e teríamos dinheiro para pagar o teletransporte para todos nós!
Erik não escutou a birra do irmão mais novo. Sua mente estava vagueando em busca do que ele sabia sobre algozes. Sabia que para ser um algoz antes você tinha de ser um mercenário, sabia que eles eram rápidos e silenciosos como sombras, que conheciam venenos ainda mais mortais que os dos mercenários e sabia também que eles eram extremamente bons em exterminar vidas.
Mercenários já eram imprevisíveis por si só, o que será que ele deveria esperar de uma algoz que simplesmente decidiu aparecer para o grupo?
- Não fique assim Erik. – Rui falou, ele arrastava o carrinho cheio de itens para a viagem pela grama cheia de pedras e terra como se não pesasse nada. – Nós temos sorte de sair da presença de um algoz vivos.
- Sim, sim. – Anne concordou docemente. – Ela deve ter evitado alguma batalha por sua causa Erik.
- Ela estava com medo! – Ian se intrometeu. – Meu irmão iria acabar com ela!
- Vocês falam como se mercenários fossem animais que só pensam em matar. – Mort colocou, depois de horas de silêncio. – Se ela diz que parou por conta da barulheira de Ian, então deve ser verdade.
- E o que são mercenários se não isso? – Ian indagou. – Onde já se viu guerreiros que se escondem nas sombras e usam uma arma covarde como veneno?
- E o que você sabe de ser um guerreiro Ian? – Cal falou aparecendo dentro da carroça com uma maçã na boca. Ele saltou e pousou no chão com habilidade gatuna. – A guilda dos mercenários é tão antiga quanto a dos espadachins, e quando há uma invasão, mercenários lutam tão bravamente quanto espadachins.
- Isso é verdade. – Erik concordou. – Mas vamos encerrar esse assunto. Daqui a pouco vai anoitecer e precisamos de um lugar decente para acampar.
Os novatos dormiram em seus sacos de dormir assim que se deitaram. Erik pensou consigo mesmo que eles não tinham adquirido muita resistência ainda, mas logo isso iria mudar. Olhou para o irmão roncando todo esticado em seu saco de dormir e sorriu consigo mesmo, tinha que cuidar de Ian, tinha que protegê-lo até que ele pudesse se defender sozinho. Uma voz em sua mente perguntou quanto tempo levaria para Ian aprender a se defender sozinho. Erik não soube responder, com quinze anos ele já se defendia muito bem para um espadachim, mas sua época fora outra completamente diferente da qual Ian estava inserido.
Anne se remexeu inquieta sobre o tronco onde estava sentada. Rui jogou um galho para alimentar a fogueira e Mort estava com os braços cruzados e os olhos fechados, como se meditasse. Erik olhou novamente para o papel em sua mão, e para a mensagem que estava escrita nele encolhendo os lábios. Anne sorriu e falou baixinho para que os mais novos não pudessem ouvir.
- Será que não são outros boatos? – disse. – Glast Heim está fechada há anos, é provável que algumas crianças tenham ido fazer alguma travessura e visto uma sombra...
- Isso é uma carta assinada pelo chefe da guilda dos bruxos de Geffen. – Rui falou. – Eu duvido muito que sejam só boatos.
- Mas, Glast Heim... – Não havia por que tirar a razão do medo de Anne, Glast Heim deveria ser um pesadelo para sacerdotes. Todo o tipo de morto-vivo e criatura amaldiçoada habitava aquele lugar sombrio.
- Nós vamos precisar de um bruxo. – Mort disse.
- Eu pretendo recrutar algum. – Erik falou com o olhar na fogueira. – O mestre da guilda dos bruxos disse que isso seria providenciado sem problemas.
- Além de bruxos nós vamos precisar de caçadores, de mais mercenários, de sacerdotes. – Rui disse jogando outro pedaço de madeira na fogueira. – Nós não podemos fazer isso! É muito!
- Essa carta não chegou só para nós. – Erik disse. – Muitos aventureiros experientes vão estar lá para nos ajudar.
- Sim. – Rui concordou. – Mas quantos deles estão cuidando de um grupo de crianças?
- Ele está certo Erik. – o mercenário falou. – Você não esperava levá-los para Glast Heim não é? Nós sequer temos certeza da nossa própria sobrevivência.
- Eu sei, eu sei... – olhou para o irmão. – Eu vou dar um jeito... – tinha de dar um jeito.
Silêncio.
- Nós devíamos dormir. – Anne falou. – Ainda temos mais dois dias de viagem até Geffen... – Os homens concordaram.
Os últimos dois dias de viagem foram gastos, por Erik, para encontrar uma maneira de manter os novatos do grupo em Geffen enquanto ele e os demais iam para a missão suicida de Glast Heim. Ele poderia ignorar o chamado e seguir viagem, sim poderia, mas era de uma invasão que estavam falando, não apenas de ventos assustadores e vultos à noite, Erik não podia simplesmente ignorar aquela missão. No entanto, as coisas eram mais difíceis por causa dos mais novos, Glast Heim poderia ser demais até mesmo para ele, um lorde, ainda mais para uma noviça, dois gatunos e um espadachim que começaram a viajar há pouco menos de um mês.
Ian iria espernear e resmungar como uma criança de cinco anos quando soubesse que não poderia ir, e os outros três seriam levados pelo mesmo caminho. Não podia simplesmente sair escondido com um grupo de onze pessoas sem que percebessem, e além do mais, Erik temia o que Ian poderia fazer se fosse deixado sozinho com os outros. Não, era melhor ser franco de uma vez e colocar algum juízo na cabeça dos mais novos, coisa que parecia faltar em todos os novos aventureiros.
Geffen estava abarrotada de aventureiros de todas as classes, cavaleiros, caçadores, bruxos, sábios, sacerdotes, mercenários, monges, todos vindos dos mais variados lugares de Rune-Midgard. Aquilo só indicava que a coisa estava realmente séria.
Depois de horas procurando uma estalagem que tivesse lugar para todos, Erik pensou que teria algum tempo de descanso para dormir e para pensar um pouco nas palavras que diria ao irmão e aos outros, que pareceram notar algo com tantos aventureiros na cidade. Mas tão logo entrou no quarto já havia outra carta selada com o símbolo dos bruxos, provavelmente haveriam outras iguais nos quartos de Anne, Rui e Mort.
Ian custou a acreditar que Erik estava saindo para comprar provisões para a viagem, mas bastou alguns zenys para aprimorar a espada e ele logo se convenceu. Erik saiu depois de Anne, Rui e Mort para não haverem suspeitas.
A academia de magia estava, ironicamente, cheia de todos os tipos de classes, mas havia lá poucos magos. Erik contou em torno de quinze pessoas, além dos bruxos que estavam sentados no fundo do salão. Não fora muito difícil achar Anne, Rui e Mort no meio daquela gente. Na verdade, era estranho que apenas quinze pessoas tivessem recebido o chamado para a reunião daquela noite, a cidade estava cheia de aventureiros poderosos e experientes, não era possível que os bruxos tenham considerado a força deles desnecessária.
Depois de alguns minutos, o bruxo mais velho que estava no acomodado no centro, provavelmente o mestre da guilda, pediu silêncio a todos e se levantou com a ajuda dos outros dois para falar, sua voz saia com alguma dificuldade. Era trágicamente cômico que o mais poderoso bruxo vivo fosse um velho que mal conseguia se levantar sem ajuda.
- Senhores. – ele disse. – Primeiro, pela guilda dos bruxos, e pelos habitantes de Geffen, eu agradeço a todos por estarem aqui. – ele tossiu um pouco. – Nós não podemos desperdiçar o tempo, então eu irei direto ao assunto, ao que tudo indica, o Senhor das Trevas voltou a nos assombrar em Glast Heim.
Várias exclamações de medo e excitação foram ouvidas. O mestre bruxo tossiu novamente.
- Nós, da guilda dos bruxos, mandamos dez homens para averiguar sobre a situação há um mês, e apenas há quinze dias dois voltaram, um deles estava em estado de choque e se recusava a ficar no escuro ou a comer qualquer coisa, ele definhou até morrer dizendo “Senhor das Trevas... Senhor das Trevas”
Anne olhou para Erik e os outros dois buscando algum conforto, mas estavam todos mobilizados demais pelas noticias.
- O outro homem nos disse que o senhor das trevas estava no cemitério de Glast Heim, felizmente, o monstro parece não estar no ápice de sua força já que dois humanos conseguiram sair de sua presença com vida. Mas temo que é apenas uma questão de tempo até que ele alcance toda a sua força e o verdadeiro caos se inicie.
Outras exclamações, dessa vez apenas de medo. Anne se encolheu atrás de Erik como se isso pudesse protegê-la de alguma coisa.
- Nós enviamos um grupo forte com quinze aventureiros há quinze dias, tão logo nosso mensageiro chegou. – o mestre bruxo prosseguiu. – Apenas uma das sacerdotisas voltou, gravemente ferida, mas forte o suficiente para dizer que Glast Heim estava infestada de mortos-vivos e demônios. – tossiu novamente. – Há uma semana atrás, enviamos outro grupo com quinze aventureiros, desta vez quatro deles sobreviveram até a volta de Geffen. Um deles morreu e outros dois estão desacordados em grave estado, o único deles forte o suficiente para nos informar de algo foi um cruzado. – outra tosse. – Ele disse que seus companheiros conseguiram causar um dano considerável no monstro. Mas infelizmente isso lhes custou a vida.
Erik engoliu em seco, e olhou para Mort. O mercenário não deixava transparecer nada, mas Erik sabia que Mort estava tão perturbado quanto ele.
- Um grupo demasiadamente grande é inviável para Glast Heim. – dessa vez foi o bruxo à esquerda do mestre que falou, o velho senhor parecia fraco demais para continuar com um assunto tão desagradável. – Um grupo menor diminui o poder de fogo, mas é mais rápido de se mover e mais rápido de se retirar se for o caso.
Erik concordou, se todos os aventureiros que preenchessem Geffen fossem ao mesmo tempo atrás do senhor das trevas ficariam todos presos nas entradas de Glast Heim e seriam milhares de corpos no chão para alimentar os mortos-vivos. Um grupo pequeno era fácil de coordenar, de trabalhar em sintonia, e era mais fácil para os integrantes se protegerem no caso de uma retirada. Mas contra o senhor das trevas, Erik temia não haver grupo adequado para vencê-lo, nem grande e nem pequeno.
- Senhores e senhoras, vocês são o terceiro grupo. – o bruxo falou. – Nós os escolhemos a dedo, mas qualquer um de vocês está livre para recusar a missão e sair desta sala, sem nenhum ressentimento ou rancor.
Ninguém saiu, o bruxo pareceu orgulhoso dos escolhidos.
- Foi determinado que este grupo saísse de Geffen daqui um dia. – o bruxo falou. – Todas as armas e amuletos para combater o senhor das trevas serão dadas a vocês. – a platéia concordou. – Novamente eu coloco que qualquer um de vocês senhores, podem sair e desistir da missão, a qualquer momento. – a platéia pareceu firme em sua decisão.
O bruxo acenou com a cabeça e tirou um pergaminho de dentro de sua capa e começou a ler.
- Sãos os integrantes da terceira investida contra o senhor das trevas: O templário Raoul, para proteger os magos e os sacerdotes. – O cruzado levantou a mão e saudou seus novos companheiros de grupo. - O sacerdote Edward, a sacerdotisa Anne. – Edward fez saudações firmes, Anne foi mais tímida nesse quesito.
- Na linha de frente vão os mercenários: Ella e Mort. – os mercenários só acenaram vagamente, como era de se esperar. – Atrás nós teremos quatro caçadores armados com milhares de flechas de prata mirando somente no senhor das trevas: Maka, Artie, Mikkael, e David. – os caçadores levantaram os braços saudando alegremente. – Para suporte das armas e como poder de força, o ferreiro Rui. – Rui fez um gesto. - Os bruxos serão três: a Julia, Kaio. – o outro bruxo sentado ao lado do mestre da guilda levantou o braço. – e Alain, sou eu senhores. – ele acenou.
Um templário, dois sacerdotes, um ferreiro, três magos, quatro caçadores, dois mercenários. A proteção, o salva-vidas, o suporte, o ataque de área, a artilharia e os matadores, ainda faltava os escudos humanos. Erik não se surpreendeu, fora para isso que ele se tornara cavaleiro.
- E nos defendendo, temos Locke, o cavaleiro e o senhor Erik Darrell, lorde. – os olhares se voltaram para Erik. – A quem, se todos concordarem, eu peço que assuma a liderança de nossa investida.
Todos os olhares se voltaram para onde Erik estava, pelo visto todos concordaram com o bruxo, e não tinham por que não concordar, Erik Darrell era um nome heróico em toda Rune Midgard. Nenhum espertinho se faria de rebelde numa causa como aquela.
Erik analisou a estrutura daquele grupo. O numero de caçadores era adequado, mas ele estava em duvida quanto ao número de sacerdotes, deveria haver um para proteger os caçadores e mais dois para cuidar das coisas no calor da batalha. Três bruxos colocavam em risco os próprios integrantes do grupo, mas menos do que aquilo seria uma morte lenta. Rui poderia ficar com os arqueiros e protegê-los de perigos de perto. Dois mercenários era muito pouco para fazer ataques direto, mas deveria ser o suficiente para apenas limpar o caminho para os bruxos. O cruzado iria passar um inferno defendendo os três bruxos e os dois sacerdotes, mas era o que tinham. Apenas dois cavaleiros eram, definitivamente, muito pouco para servirem de escudos humanos. Mas levando em conta as circunstâncias, era impossível formar um grupo equilibrado no pouco tempo que tinham.
- Eu vou fazer o melhor por todos nós. – ele disse a todos. – Vou fazer o possível para nos guiar até a vitória, ou pelo menos até uma retirada segura para todos.
Os gritos de “Viva!” e “Urrah!” ecoaram pelo salão dos magos. O mestre bruxo sorriu de forma frágil e Rui pousou fortemente a mão em seu ombro, depositando toda a sua confiança nele. Erik acenou para ele lhe dando forças, mas em sua mente ele ainda tentava se convencer de que conseguiria manter todos vivos no inferno em que estavam prestes a entrar.
Erik não escutou a birra do irmão mais novo. Sua mente estava vagueando em busca do que ele sabia sobre algozes. Sabia que para ser um algoz antes você tinha de ser um mercenário, sabia que eles eram rápidos e silenciosos como sombras, que conheciam venenos ainda mais mortais que os dos mercenários e sabia também que eles eram extremamente bons em exterminar vidas.
Mercenários já eram imprevisíveis por si só, o que será que ele deveria esperar de uma algoz que simplesmente decidiu aparecer para o grupo?
- Não fique assim Erik. – Rui falou, ele arrastava o carrinho cheio de itens para a viagem pela grama cheia de pedras e terra como se não pesasse nada. – Nós temos sorte de sair da presença de um algoz vivos.
- Sim, sim. – Anne concordou docemente. – Ela deve ter evitado alguma batalha por sua causa Erik.
- Ela estava com medo! – Ian se intrometeu. – Meu irmão iria acabar com ela!
- Vocês falam como se mercenários fossem animais que só pensam em matar. – Mort colocou, depois de horas de silêncio. – Se ela diz que parou por conta da barulheira de Ian, então deve ser verdade.
- E o que são mercenários se não isso? – Ian indagou. – Onde já se viu guerreiros que se escondem nas sombras e usam uma arma covarde como veneno?
- E o que você sabe de ser um guerreiro Ian? – Cal falou aparecendo dentro da carroça com uma maçã na boca. Ele saltou e pousou no chão com habilidade gatuna. – A guilda dos mercenários é tão antiga quanto a dos espadachins, e quando há uma invasão, mercenários lutam tão bravamente quanto espadachins.
- Isso é verdade. – Erik concordou. – Mas vamos encerrar esse assunto. Daqui a pouco vai anoitecer e precisamos de um lugar decente para acampar.
X
Os novatos dormiram em seus sacos de dormir assim que se deitaram. Erik pensou consigo mesmo que eles não tinham adquirido muita resistência ainda, mas logo isso iria mudar. Olhou para o irmão roncando todo esticado em seu saco de dormir e sorriu consigo mesmo, tinha que cuidar de Ian, tinha que protegê-lo até que ele pudesse se defender sozinho. Uma voz em sua mente perguntou quanto tempo levaria para Ian aprender a se defender sozinho. Erik não soube responder, com quinze anos ele já se defendia muito bem para um espadachim, mas sua época fora outra completamente diferente da qual Ian estava inserido.
Anne se remexeu inquieta sobre o tronco onde estava sentada. Rui jogou um galho para alimentar a fogueira e Mort estava com os braços cruzados e os olhos fechados, como se meditasse. Erik olhou novamente para o papel em sua mão, e para a mensagem que estava escrita nele encolhendo os lábios. Anne sorriu e falou baixinho para que os mais novos não pudessem ouvir.
- Será que não são outros boatos? – disse. – Glast Heim está fechada há anos, é provável que algumas crianças tenham ido fazer alguma travessura e visto uma sombra...
- Isso é uma carta assinada pelo chefe da guilda dos bruxos de Geffen. – Rui falou. – Eu duvido muito que sejam só boatos.
- Mas, Glast Heim... – Não havia por que tirar a razão do medo de Anne, Glast Heim deveria ser um pesadelo para sacerdotes. Todo o tipo de morto-vivo e criatura amaldiçoada habitava aquele lugar sombrio.
- Nós vamos precisar de um bruxo. – Mort disse.
- Eu pretendo recrutar algum. – Erik falou com o olhar na fogueira. – O mestre da guilda dos bruxos disse que isso seria providenciado sem problemas.
- Além de bruxos nós vamos precisar de caçadores, de mais mercenários, de sacerdotes. – Rui disse jogando outro pedaço de madeira na fogueira. – Nós não podemos fazer isso! É muito!
- Essa carta não chegou só para nós. – Erik disse. – Muitos aventureiros experientes vão estar lá para nos ajudar.
- Sim. – Rui concordou. – Mas quantos deles estão cuidando de um grupo de crianças?
- Ele está certo Erik. – o mercenário falou. – Você não esperava levá-los para Glast Heim não é? Nós sequer temos certeza da nossa própria sobrevivência.
- Eu sei, eu sei... – olhou para o irmão. – Eu vou dar um jeito... – tinha de dar um jeito.
Silêncio.
- Nós devíamos dormir. – Anne falou. – Ainda temos mais dois dias de viagem até Geffen... – Os homens concordaram.
X
Os últimos dois dias de viagem foram gastos, por Erik, para encontrar uma maneira de manter os novatos do grupo em Geffen enquanto ele e os demais iam para a missão suicida de Glast Heim. Ele poderia ignorar o chamado e seguir viagem, sim poderia, mas era de uma invasão que estavam falando, não apenas de ventos assustadores e vultos à noite, Erik não podia simplesmente ignorar aquela missão. No entanto, as coisas eram mais difíceis por causa dos mais novos, Glast Heim poderia ser demais até mesmo para ele, um lorde, ainda mais para uma noviça, dois gatunos e um espadachim que começaram a viajar há pouco menos de um mês.
Ian iria espernear e resmungar como uma criança de cinco anos quando soubesse que não poderia ir, e os outros três seriam levados pelo mesmo caminho. Não podia simplesmente sair escondido com um grupo de onze pessoas sem que percebessem, e além do mais, Erik temia o que Ian poderia fazer se fosse deixado sozinho com os outros. Não, era melhor ser franco de uma vez e colocar algum juízo na cabeça dos mais novos, coisa que parecia faltar em todos os novos aventureiros.
Geffen estava abarrotada de aventureiros de todas as classes, cavaleiros, caçadores, bruxos, sábios, sacerdotes, mercenários, monges, todos vindos dos mais variados lugares de Rune-Midgard. Aquilo só indicava que a coisa estava realmente séria.
Depois de horas procurando uma estalagem que tivesse lugar para todos, Erik pensou que teria algum tempo de descanso para dormir e para pensar um pouco nas palavras que diria ao irmão e aos outros, que pareceram notar algo com tantos aventureiros na cidade. Mas tão logo entrou no quarto já havia outra carta selada com o símbolo dos bruxos, provavelmente haveriam outras iguais nos quartos de Anne, Rui e Mort.
X
Ian custou a acreditar que Erik estava saindo para comprar provisões para a viagem, mas bastou alguns zenys para aprimorar a espada e ele logo se convenceu. Erik saiu depois de Anne, Rui e Mort para não haverem suspeitas.
A academia de magia estava, ironicamente, cheia de todos os tipos de classes, mas havia lá poucos magos. Erik contou em torno de quinze pessoas, além dos bruxos que estavam sentados no fundo do salão. Não fora muito difícil achar Anne, Rui e Mort no meio daquela gente. Na verdade, era estranho que apenas quinze pessoas tivessem recebido o chamado para a reunião daquela noite, a cidade estava cheia de aventureiros poderosos e experientes, não era possível que os bruxos tenham considerado a força deles desnecessária.
Depois de alguns minutos, o bruxo mais velho que estava no acomodado no centro, provavelmente o mestre da guilda, pediu silêncio a todos e se levantou com a ajuda dos outros dois para falar, sua voz saia com alguma dificuldade. Era trágicamente cômico que o mais poderoso bruxo vivo fosse um velho que mal conseguia se levantar sem ajuda.
- Senhores. – ele disse. – Primeiro, pela guilda dos bruxos, e pelos habitantes de Geffen, eu agradeço a todos por estarem aqui. – ele tossiu um pouco. – Nós não podemos desperdiçar o tempo, então eu irei direto ao assunto, ao que tudo indica, o Senhor das Trevas voltou a nos assombrar em Glast Heim.
Várias exclamações de medo e excitação foram ouvidas. O mestre bruxo tossiu novamente.
- Nós, da guilda dos bruxos, mandamos dez homens para averiguar sobre a situação há um mês, e apenas há quinze dias dois voltaram, um deles estava em estado de choque e se recusava a ficar no escuro ou a comer qualquer coisa, ele definhou até morrer dizendo “Senhor das Trevas... Senhor das Trevas”
Anne olhou para Erik e os outros dois buscando algum conforto, mas estavam todos mobilizados demais pelas noticias.
- O outro homem nos disse que o senhor das trevas estava no cemitério de Glast Heim, felizmente, o monstro parece não estar no ápice de sua força já que dois humanos conseguiram sair de sua presença com vida. Mas temo que é apenas uma questão de tempo até que ele alcance toda a sua força e o verdadeiro caos se inicie.
Outras exclamações, dessa vez apenas de medo. Anne se encolheu atrás de Erik como se isso pudesse protegê-la de alguma coisa.
- Nós enviamos um grupo forte com quinze aventureiros há quinze dias, tão logo nosso mensageiro chegou. – o mestre bruxo prosseguiu. – Apenas uma das sacerdotisas voltou, gravemente ferida, mas forte o suficiente para dizer que Glast Heim estava infestada de mortos-vivos e demônios. – tossiu novamente. – Há uma semana atrás, enviamos outro grupo com quinze aventureiros, desta vez quatro deles sobreviveram até a volta de Geffen. Um deles morreu e outros dois estão desacordados em grave estado, o único deles forte o suficiente para nos informar de algo foi um cruzado. – outra tosse. – Ele disse que seus companheiros conseguiram causar um dano considerável no monstro. Mas infelizmente isso lhes custou a vida.
Erik engoliu em seco, e olhou para Mort. O mercenário não deixava transparecer nada, mas Erik sabia que Mort estava tão perturbado quanto ele.
- Um grupo demasiadamente grande é inviável para Glast Heim. – dessa vez foi o bruxo à esquerda do mestre que falou, o velho senhor parecia fraco demais para continuar com um assunto tão desagradável. – Um grupo menor diminui o poder de fogo, mas é mais rápido de se mover e mais rápido de se retirar se for o caso.
Erik concordou, se todos os aventureiros que preenchessem Geffen fossem ao mesmo tempo atrás do senhor das trevas ficariam todos presos nas entradas de Glast Heim e seriam milhares de corpos no chão para alimentar os mortos-vivos. Um grupo pequeno era fácil de coordenar, de trabalhar em sintonia, e era mais fácil para os integrantes se protegerem no caso de uma retirada. Mas contra o senhor das trevas, Erik temia não haver grupo adequado para vencê-lo, nem grande e nem pequeno.
- Senhores e senhoras, vocês são o terceiro grupo. – o bruxo falou. – Nós os escolhemos a dedo, mas qualquer um de vocês está livre para recusar a missão e sair desta sala, sem nenhum ressentimento ou rancor.
Ninguém saiu, o bruxo pareceu orgulhoso dos escolhidos.
- Foi determinado que este grupo saísse de Geffen daqui um dia. – o bruxo falou. – Todas as armas e amuletos para combater o senhor das trevas serão dadas a vocês. – a platéia concordou. – Novamente eu coloco que qualquer um de vocês senhores, podem sair e desistir da missão, a qualquer momento. – a platéia pareceu firme em sua decisão.
O bruxo acenou com a cabeça e tirou um pergaminho de dentro de sua capa e começou a ler.
- Sãos os integrantes da terceira investida contra o senhor das trevas: O templário Raoul, para proteger os magos e os sacerdotes. – O cruzado levantou a mão e saudou seus novos companheiros de grupo. - O sacerdote Edward, a sacerdotisa Anne. – Edward fez saudações firmes, Anne foi mais tímida nesse quesito.
- Na linha de frente vão os mercenários: Ella e Mort. – os mercenários só acenaram vagamente, como era de se esperar. – Atrás nós teremos quatro caçadores armados com milhares de flechas de prata mirando somente no senhor das trevas: Maka, Artie, Mikkael, e David. – os caçadores levantaram os braços saudando alegremente. – Para suporte das armas e como poder de força, o ferreiro Rui. – Rui fez um gesto. - Os bruxos serão três: a Julia, Kaio. – o outro bruxo sentado ao lado do mestre da guilda levantou o braço. – e Alain, sou eu senhores. – ele acenou.
Um templário, dois sacerdotes, um ferreiro, três magos, quatro caçadores, dois mercenários. A proteção, o salva-vidas, o suporte, o ataque de área, a artilharia e os matadores, ainda faltava os escudos humanos. Erik não se surpreendeu, fora para isso que ele se tornara cavaleiro.
- E nos defendendo, temos Locke, o cavaleiro e o senhor Erik Darrell, lorde. – os olhares se voltaram para Erik. – A quem, se todos concordarem, eu peço que assuma a liderança de nossa investida.
Todos os olhares se voltaram para onde Erik estava, pelo visto todos concordaram com o bruxo, e não tinham por que não concordar, Erik Darrell era um nome heróico em toda Rune Midgard. Nenhum espertinho se faria de rebelde numa causa como aquela.
Erik analisou a estrutura daquele grupo. O numero de caçadores era adequado, mas ele estava em duvida quanto ao número de sacerdotes, deveria haver um para proteger os caçadores e mais dois para cuidar das coisas no calor da batalha. Três bruxos colocavam em risco os próprios integrantes do grupo, mas menos do que aquilo seria uma morte lenta. Rui poderia ficar com os arqueiros e protegê-los de perigos de perto. Dois mercenários era muito pouco para fazer ataques direto, mas deveria ser o suficiente para apenas limpar o caminho para os bruxos. O cruzado iria passar um inferno defendendo os três bruxos e os dois sacerdotes, mas era o que tinham. Apenas dois cavaleiros eram, definitivamente, muito pouco para servirem de escudos humanos. Mas levando em conta as circunstâncias, era impossível formar um grupo equilibrado no pouco tempo que tinham.
- Eu vou fazer o melhor por todos nós. – ele disse a todos. – Vou fazer o possível para nos guiar até a vitória, ou pelo menos até uma retirada segura para todos.
Os gritos de “Viva!” e “Urrah!” ecoaram pelo salão dos magos. O mestre bruxo sorriu de forma frágil e Rui pousou fortemente a mão em seu ombro, depositando toda a sua confiança nele. Erik acenou para ele lhe dando forças, mas em sua mente ele ainda tentava se convencer de que conseguiria manter todos vivos no inferno em que estavam prestes a entrar.
Notas Finais
Nome: Anne Marguerite
Idade: 24 anos.
Profissão: Sacerdotisa (Priestess)
Nível: 98
Aparência: Muito atraente e frágil.
Personalidade: Gentil e dócil.
2 comentários:
É baseado em ragnarok online?
Muito foooda!
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